Distócia

A distócia é a dificuldade ou impossibilidade de iniciar ou completar o parto. As causas podem estar relacionadas com a progenitora, com o(s) feto(s) e com o ambiente envolvente. É muito importante manter uma vigilância do parto, mas sem exercer demasiada pressão e não provocar stress na parturiente. Isso pode provocar interrupção do parto, conduzindo à morte dos restantes fetos, rejeição feto-maternal e maus cuidados pós-parto pela parturiente, causando morte nos recém-nascidos. Malformações fetais e mau posicionamento dos fetos no momento do parto podem condicionar dificuldades no parto. Mal formações anatómicas (congénitas ou adquiridas, por exemplo uma fractura de bacia) da parturiente e patologias concorrentes (ex.: hipocalcémia) podem ditar um mau desfecho no processo de parto. Ninhadas muito grandes podem provocar “cansaço uterino” e atrasar ou impedir a expulsão fetal. Ninhadas muito pequenas (com fetos mais volumosos), dificultam a passagem dos fetos pelo canal pélvico podendo ficar “presos”. Em qualquer destas situações é fundamental procurar assistência médico veterinária, de modo a garantir a melhor sobrevivência da parturiente e da ninhada.

Infecção Genital

A infecção do trato genital pode ocorrer por via ascendente (do exterior) ou por via descendente (a partir da corrente sanguínea). No primeiro caso, a infecção pode ocorrer com ou sem infecção urinária associada. No segundo caso, quase sempre está em curso uma doença infecto-contagiosa ou septicémia. As infecções genitais são mais comuns nas fêmeas, e é também nelas que são mais graves. A infecção do útero, com acumulação de material purulento no seu interior, fragiliza a parede uterina, permitindo passagem de bactérias e toxinas bacterianas para a corrente sanguínea. Estas vão induzir febre, lesões renais (provocando eliminação excessiva de urina e consumo excessivo de água e mais tarde vómitos), lesões hepáticas (hepatite, abcessos hepáticos), lesões cardíacas (miocardites e endocardite bacteriana), lesões osteoarticulares (osteomielite, artite), etc. A infecção uterina pode ocorrer durante a gravidez, logo após o parto (metrite puerperal) ou em qualquer fase do ciclo reprodutivo. As disfunções ováricas (quistos ováricos) podem induzir uma Hiperplasia Quística do Endométrio, com excesso de produção de fluido, o qual serve de “meio de cultura” para a proliferação bacteriana, instalando-se a Endometrite. Com a acumulação de quantidades variáveis de pús no interior do útero, surge a Piómetra. A rotura de um útero com infecção é uma situação muito grave e que coloca em risco a vida do animal. Nos machos, especialmente cães, pode surgir infecção da próstata (prostatite), com dificuldades na micção, dor na defecação e até na locomoção, ou infecção testicular (orquite/epididimite) com edema e dor locais. As infecções genitais podem afectar a capacidade reprodutiva dos nossos animais de estimação.

Prolapso Uterino

O prolaso uterino consiste na invaginação de uma porção do útero para o exterior. Surge geralmente durante uma gravidez ou durante o processo de parto. Por haver compromisso vascular, com consequente edema e inflamação, existe o risco de necrose isquémica e também de erosões e infecção a partir do meio ambiente (areias, ervas, etc.) e auto-traumatismo. Um tratamento rápido é indispensável à preservação estrutural do útero, bem como à prevenção da infecção e possível septicemia.

Prolapso Vaginal

O prolapso vaginal, ou mais correctamente, hiperplasia vaginal, decorre de um excesso de produção de estrogénios durante o cio provocando um crescimento exagerado da mucosa vaginal, a qual se torna exposta ao exterior. Os riscos são idênticos aos do prolapso uterino e a sua resolução deve ser imediata.

Eclampsia Puerperal

A eclampsia puerperal, resulta do esgotamento das reservas de cálcio da fêmea durante o parto ou durante o aleitamento dos filhotes. É mais frequente em gatas e cadelas de porte pequeno ou miniatura, mas pode acontecer em qualquer fêmea, sobretudo se a ninhada for numerosa e a produção de leite for abundante.
O esgotamento das reservas de cálcio provoca astenia (falta de força) uterina, podendo provocar a interrupção do trabalho de parto, colocando em risco a vida do resto da ninhada e da própria parturiente, ou tetania muscular generalizada, simulando uma convulsão epileptiforme. Em qualquer dos casos, por colocar em risco a vida, quer da parturiente quer da ninhada, o seu tratamento deve ser instituído o mais breve possível.

Fractura do Osso Peniano

As fracturas do osso peniano surgem, geralmente, no decurso de um traumatismo (acidente de viação, queda, agressão, etc.) ou da tentativa de separação de um casal canino no acto de cópula. Neste último caso, existe ainda o risco elevado de provocar lacerações graves da vagina da cadela, originando hemorragias de difícil controlo. Na fractura do osso peniano, por haver alteração do trajecto da uretra com possível obstrução urinária, o seu tratamento é urgente.

Torção Testicular

Ao contrário do que se possa imaginar a torção testicular pode acontecer em repouso e não apenas durante o exercício. A torção do cordão espermático, com bloqueio da irrigação e da drenagem sanguínea do testículo, provoca uma acumulação de sangue venoso com edema, inchaço e dor intensa. Por haver risco de necrose isquémica e consequente septicemia, o seu tratamento é urgente.